Sobre o serviço

Autora: Maria Adela Palcos TEXTO COMPLETO

O ser humano como ser que ama.

O ser humano como ser de serviço.

Creio que temos que desenvolver, neste momento, a idéia de serviço; idéia em torno da qual todas as energias dispersas podem ir encontrando seu lugar: as de alegria e as de tristeza, as de boa vontade e as de má vontade.

Precisamos tomar consciência de que estamos prestando um serviço, tanto se compusermos uma música, como se fizermos uma casa ou vendermos algo no mercado.

Cada ação é um serviço. Até o respirar, o sorrir e o chorar; cada uma de nossas manifestações vai produzindo uma transformação, uma mudança ao nosso redor.

Temos que tomar consciência disto e, em cada ação, perguntar-nos: que serviço estou realizando com esta ação? Que serviço está sendo realizado por meu intermédio? Qual é a mudança que está sendo produzida por esta minha respiração, por este meu pensamento, este cumprimento, esta comida que estou ingerindo, este grito que emito, esta palavra que digo ou que não digo?

O que estou produzindo… com toda contínua irradiação que sou?

Sou uma irradiação contínua, porém não sou uma atenção a esta irradiação; portanto, não posso responsabilizar-me pelo que sou; portanto não sou livre. Só aprendendo o verdadeiro serviço, o serviço total, serei livre.

Nossa essência é serviço, na medida em que é vida dentro da vida.

Fomos criados para sermos mortos dentro da vida; continuamente freando a vida para ver o que ela me dá. Está me dando tudo o que tem que me dar? Tenho que exigir; tenho que protestar. Tenho que conseguir o que me pertence; tenho que agarrá-lo; e, se não me dão, tenho que fazer com que sintam o meu descontentamento, minha fúria, minha negação.

Exatamente o que temos que fazer é ir para a margem oposta.

Só a contemplação do espírito de serviço, em cada ato de nossa vida, pode conduzir-nos à liberdade.

Liberdade e amor são uma coisa só e a mesma coisa; uma mesma substância irradiante, que é o que sou.

Uma meditação para ocidentais – Parte 1

Autora: Maria Adela Palcos

A vida moderna, nas grandes cidades, deixa grande parte do ser humano de lado e sem possibilidades de desenvolvimento. A problemática psicológica atual é fruto, em parte, do fato de que uma quantidade de energia fica sem uso.

Talvez possamos diferenciar os tipos de energia em:

a) energias muito sutis; as quais não utilizamos porque não alcançamos determinados níveis de consciência, ou seja, não estão desenvolvidas em nós, e

b) energias vitais; que correspondem à força muscular, à possibilidade de deslocar-se, saltar, brincar, a todas as variantes fisico-anatômicas do ser humano, que tão pouco são utilizadas, a não ser em uma parte mínima.
Minha sensação é que o ser humano está vivendo em uma faixa intermediária: não faz uso dos sons graves, nem tão pouco dos agudos; nem dos altos, nem dos baixos; como se alcançasse somente tons intermediários. Isto, inclusive, reflete-se nos tons de voz. Em geral falamos com voz monocórdica, apesar da amplitude de sons que podemos alcançar.

A capacidade de usar esta amplitude distingue  o grande orador daquele que leva os ouvintes a dormir.

Falamos no mesmo tom de voz porque estamos no meio do caminho, em uma zona intermediária, na qual também não nos sentimos cômodos e sim carentes. Conforme a personalidade do indivíduo, ele sente-se preso, depressivo, melancólico, ou fora de si, com um excesso compulsivo de atividades que o mantêm em um estado de inconsciência, em um bem estar aparente; o tipo de pessoa que se desestrutura de uma vez e deprime-se ou fica gravemente doente.

Não é suficiente viver em um zona intermediária. Nós, seres humanos, temos muitas tonalidades e devemos utilizá-las. Ao não usarmos todo nosso potencial ele converte-se em uma força contrária, negativa, em doença, depressão, ansiedade. Muitas vezes a enfermidade é uma solução distorcida; não é a ideal, porém é, pelo menos, melhor que a loucura total ou o suicídio, os outros caminhos possíveis.

Nem abaixo,  nem acima; nem fora, nem dentro.

Tenho observado que nos últimos anos tem-se popularizado a meditação ou, pelo menos, a idéia  de meditar. Em geral, são adotados os sistemas orientais, porque foram os que mais desenvolveram um aspecto mais conhecido da meditação. Há outras maneiras de meditar, menos difundidas; sempre existiram. Porém elas são pouco conhecidas e, possivelmente, são menos valorizadas. Em parte, em razão dos livros de Carlos Castanheda, começaram a ser difundidas outras formas de meditação, que não correspondem exatamente com as orientais. Respeito muitíssimo as técnicas orientais, mas acredito que o ser humano americano tem outras necessidades, diferentes dos orientais e, inclusive, dos europeus. A América é outro continente e tem suas próprias necessidades.

Sem dúvida, a técnica oriental relaxa, reduz um pouco o nível de stress e isso é positivo. Porém, às vezes, pode levar quem a pratica a uma desconexão com o mundo em que vive, quando feita de uma maneira não conveniente para o praticante. Ao querer meditar, utilizando técnicas orientais, algumas pessoas adormecem, os braços ficam caídos, o olhar perdido… não podem olhar para fora e, a meu juízo, nem para dentro. Seu olhar fica também na zona intermediária (porque temos aqui outra instância intermediária, entre fora e dentro, como anteriormente entre acima e abaixo) e parece-me que os seres humanos de hoje em dia  caracterizam-se por viver em um pequeno espaço entre acima e abaixo, entre fora e dentro.

A meditação mal feita faz com que se instale este jeito de não estar nem em contato com o mundo externo, nem com o mundo interno, uma espécie de torpor. Com este tipo de trabalho, muitos justificam seu ócio… e não culpemos as técnicas orientais por isso, mas sim aqueles que as praticam como comentado. É um pretexto . Falta a vontade de dedicar-se de verdade e fazer o que realmente tem que ser feito. Nenhuma meditação pode me eximir de algo que tenho que fazer e não faço.

Outro aspecto a ser levado em consideração é que estamos muito carregados, emocionalmente  carregados, de energias que nem sempre encontram-se harmonizadas dentro de nós. Poderíamos estar “positivamente” carregados mas, normalmente, estamos “negativamente” carregados.  Para nós, pela nossa maneira de ser, é mais espontâneo “por para fora” a energia que carregamos em excesso, expressar, atuar, executar algum serviço ou tarefa, em vez de eliminá-la somente pela meditação. Creio que a maioria das pessoas não está capacitada para transformar diretamente em meditação sua energia emocional e sua energia vital não utilizada; não está preparada para essa transformação, direta, em energia mental ou em energias mais puras. Talvez alguns possam fazê-lo …  deixo em aberto a possibilidade, porém acredito que a maior parte das pessoas do nosso meio não está em condição.  Já os orientais (sobretudo os da Índia, os quais conheço) têm uma tônica vital muito diferente, um todo vital muito mais baixo. Seja pelo tipo de alimentação ou pelo fato de disporem de pouco espaço físico, eles desenvolvem-se de maneira diferente. Para eles, é natural sentar no chão e ficar ali … como velhos pedaços de pano de chão. Nós, salvo raras exceções, não somos feitos para isso, quando tentamos, ficamos mais parecendo panos engomados.

Além disso, eles são criados em um ambiente religioso, com uma tônica devocional que se sente no ar, se respira. Há então, uma aceitação interior, uma facilidade para deixar de lado os desejos e paixões, a qual nós não temos. Isso porque somos estimulados por um ambiente que nos diz, permanentemente: “você tem que ser o melhor, ser o mais importante, ganhar mais que os outros”, sempre tem que conseguir o melhor, ser o melhor. Esta mensagem que recebemos de forma direta, ou subliminar, é contraditória em relação àquela de abandonar-se nos braços do Senhor.

Uma meditação para ocidentais – A Flor de Mil Pétalas – Parte 2

Autora: Maria Adela Palcos

Gostaria, agora, de referir-me ao centro coronário. Como funciona e como conectá-lo com o trabalho do corpo e enriquecer a pessoa? Por que colocamos o centro coronário hierarquicamente acima, em relação aos outros centros?
Há nisto toda uma ideologia que diz algo como “o que está acima é bom, o que está abaixo é mal; o que está acima é algo que devemos buscar e tentar alcançar, o que está abaixo é algo para temer, afastar”.

Eu diria que o centro coronário, que está localizado no extremo superior da cabeça, é, possivelmente, o mais simples e, ao mesmo tempo, o mais complexo dos 7 centros. Os orientais chamam-no “a flor de mil pétalas”. É simples porque só se tem acesso a ele quando são deixadas de lado todas as opiniões, que são por natureza complexas (a opinião é uma mistura estranha de idéia e desejo, aceita como símbolo de liberdade, ainda que venha a ser a prisão de quem a emite). O centro coronário responde, unicamente, a uma necessidade, e essa necessidade é simples: Ser. O complexo é que, para nós, pelo nosso tipo de formação, é difícil alcançar esta simplicidade.

A história do ser humano é a história do filho pródigo. Sai da casa paterna (sua essência), onde está a simplicidade, a verdade da vida e inicia um percurso no qual tudo vai se desenvolvendo, tornando-se complexo e onde deixa-se arrastar por desejos, idéias e ideologias, com todas as implicações que este afastar-se de seu verdadeiro eixo acarreta. Vai reconhecendo seus próprios pensamentos, sentimentos e ações, o efeito que produzem no meio que o rodeia e as respostas deste ambiente, reconhece desta forma os limites de sua personalidade, e pode retornar conscientemente à casa paterna. Quando retorna, já é outro ser. Acredito que esta peregrinação não deve ser “anatemizada”, creio que é parte do necessário desenvolvimento humano, pois do contrário a vida não teria sentido. Todas estas nossas sociedades complexas seriam um desvario, uma estupidez da Criação, e não creio que o sejam. São parte de uma forma de desenvolvimento humano. Talvez haja outras formas, mas esta é uma.

De qualquer maneira, o objetivo principal é voltar para a casa paterna e para isto é muito importante que me conecte com o centro coronário. Uma das condições imprescindíveis para chegar a ele é que me conecte, antes, com meu coração, com meu centro cardíaco. Pelo que tenho observado, na meditação – e ao falar de meditação, o faço em sentido amplo, pois pode haver meditação em movimento, quando me expresso com a música, com a voz ou o que seja, sempre que esteja por inteira neste movimento – deve, primeiro, ser produzida uma ascensão da energia desde os centros baixos e, a seguir, um descenso. Vinculo aquela com o fato de mobilizar o corpo. Não só uma ascensão, também uma atualização, pois só após estar atualizada a energia pode ascender, descender ou irradiar-se.


Geralmente nesta primeira passagem pelo centro cardíaco não há, ainda, uma verdadeira atualização deste centro. Deve chegar um momento em que o centro laríngeo, um autêntico nó neste caminho, relaxe. Aí estará a atitude de aceitação.


É preciso “baixar a cabeça”… porque o tipo de cultura em que vivemos deu tanta importância ao intelecto que o centro frontal (ou algo que tem sua sede aí) sente-se rei, por assim dizer o rei da criação.

Quando se cruza o centro laríngeo e produz-se a aceitação da realidade, alcança-se o centro frontal pela 1ª vez. Porém, a meu modo de ver, quando se chega aí, produz-se uma volta da energia para baixo, a mente reconhece que sem esta força não pode existir, que tem que vivificar-se aí. Só após este processo (no qual está incluído, de certo modo, o processo de simplificação) pode ter início uma real conexão com o centro coronário. Só, então, começa a atualização da energia deste centro.

A verdadeira meditação tem lugar quando o movimento ascendente completa-se com o descendente, marcado pela energia cósmica que penetra pelo centro coronário e, a partir daí, inunda tudo. Este é, para mim, o verdadeiro momento da meditação (depois pode desenvolver-se por diversos caminhos, mas é aí que começa realmente).

Se tivesse que descrevê-la, diria que é a simples presença. A sensação de ser e o ser estão unificados. Muito tem sido dito sobre o sujeito e o objeto que se integram e passam a ser um. Eu percebo assim: a sensação de ser e o ser propriamente dito convertem-se em uma única coisa, em uma totalidade. Um ser pode ter um tamanho imenso ou o de um ponto apenas, o que importa é que é. É e sou ; sou o que é, é o que sou.

O UMBIGO CÓSMICO

Vejo o ser humano com três umbigos.

O centro baixo é um tipo de umbigo que o une à terra; a seguir, vem o umbigo real, o do cordão umbilical, o centro vegetativo, que “é sua conexão com a humanidade” (através da mãe); e o terceiro é o umbigo cósmico, que também tem seu cordão umbilical, porém de outro tipo e nos dá a possibilidade de sermos um com Deus.

Eu os chamo de umbigos porque são as fontes nutrientes do ser humano, que se nutre da terra, de sua mãe, de toda a humanidade e das forças cósmicas que correspondem ao centro coronário.

Isto tem a ver com o filho pródigo que percorreu todo o caminho.

Quando ainda está na casa paterna é como se fora o filho cósmico, unido ao cordão umbilical dentro do ventre da mãe, porém ainda sem consciência, sem haver assumido uma individualidade. E, em grande parte, na caminhada que realizamos na vida real, saímos da casa paterna, deixamos de gozar a felicidade lá existente, porém continuamos, sem o saber, crianças cósmicas, não temos consciência desta conexão que está nos nutrindo. Então, em algum ponto do caminho, quando o filho pródigo decide retornar, é porque está começando a tomar consciência desta relação, de que vive por causa dessa nutrição, de que este eu com o qual me identifico, e que se chama Maria Adela, este eu reconhece que participa do eu cósmico. Este eu cósmico, aparentemente exterior a nós mesmos, que podemos porém incorporar. Esta seria a verdadeira maioridade: uma individualização sem separação, a passagem de filho cósmico para ser cósmico.

Em meio a esta crise, tem sentido o trabalho interior?

Autora: Maria Adela Palcos

Tem sentido o trabalho interior em um país que perdeu o norte?

Categoricamente, sim. É necessária uma expansão de consciência que nos ligue à silenciosa fonte de vida em nosso interior. É necessário descobrir que essa fonte é a mesma para toda a humanidade, é a mesma até os confins do universo.

Há poucos dias realizamos uma convivência no campo com um grupo de pessoas , estrangeiras e pessoas do interior , que se congregam todos os anos, nesta época, com o exclusivo objetivo de fazer um trabalho sobre si, de reencontrar-se. Nosso principal mestre foi o bosque.

“Recostada em uma árvore, entregue a sua firmeza verde e calma. Ela me ensinou que era uma só com aquela outra que havia logo à frente e com aquela outra mais adiante; que era uma só e a mesma vida: filhos, pais e mães, avós. Tinham troncos diferentes, porém seus galhos e suas raízes se tocavam … e assim me senti; vi que a vida que há em mim é a mesma que há nos meus companheiros, em minha família, em todos os seres humanos. Nunca mais poderia ficar com raiva ou desconfiar dos outros como anteriormente, porque me via em todos eles. Sou parte de todos e eles são parte de mim”. Assim se expressou “E” (uma participante), sendo porta-voz do que muitos de nós sentíamos. Estávamos encontrando o norte desde dentro, que foi onde se perdeu.

Temos a convicção que a crise não é só do nosso país, é mundial. Um terço da humanidade morre de fome, apesar de haver, segundo a FAO, um excedente de 7 a 8% de alimentos a nível mundial.

Dizemos que queremos paz e acabamos de viver uma 3ª guerra mundial no Golfo Pérsico.

É um mundo esquizofrênico.

Dizemos amar a vida e calcula-se que haja meia tonelada de explosivos por habitante deste estremecido planeta (com um décimo milésimo disto, seríamos feitos todos em pedaços).

É um mundo paranóico.

Como chegamos a este ponto? A esta coisa sem sentido…

Como sair?

Creio que a nossa doença comum é a desconfiança, que chega a tal ponto que surge o flagelo da AIDS. Uma desconfiança, uma paranóia que se instala no seio do amor humano, na intimidade do casal.

Desconfiamos: um país do outro, um estado do outro, um irmão do outro; tudo porque desconfiamos de nós mesmos, ainda que não o queiramos confessar.

Adoramos falsos ídolos: a riqueza, o poder, porque perdemos nossa riqueza interior e nosso poder inato. Tornamos fundamental o poder e a riqueza (que no fundo é uma forma de poder) de maneira que os colocamos fora de nós mesmos, que somos a vida fluindo. Somos verbo, ação, não podemos reter o poder, podemos isto sim, conjugá-lo. Posso ganhar dinheiro, posso comer, posso construir, posso sentir, posso pensar, posso comunicar-me. E daí vem o podemos: podemos compreender-nos, amar-nos, ajudar-nos, compartilhar, conscientizar-nos que somos células do Grande Organismo Universal, movimentos dentro do incessante Fluir Cósmico. Então, nos sentimos ricos… Quando esquecemos disto tudo nos sentimos pobres, mesmo que tenhamos milhões de dólares. Curiosamente, onde ocorre o maior número de suicídios é nos países “ricos”.

Quando a pessoa se esquece … começa a buscar a riqueza fora.

Quando me esqueço dessa riqueza que sou, quero ter riquezas.

Quando me esqueço desse potencial que sou, quero ter riquezas.

Isto acontece conosco, mas pode ser corrigido. Porque necessitamos corrigi-lo, necessitamos viver de outra maneira, viver com plenitude.

A necessidade move montanhas.

E a necessidade conscientizada, move o universo. Creia.

Em cada um de nós há poderosos centros de energia, usinas que constantemente absorvem, transformam, irradiam.
Absorvem o alimento que necessitam: conexão, idéias, amor, ar, comida e apoio…
Irradiam, antes da transformação, consciência, imagens criadoras, palavras, amor, energia vital, força de ação, confiança, firmeza.

Não aprendemos a conhecer estes centros e portanto os vivenciamos de forma fragmentada e muitas vezes como contrapostos. Nos disseram “ama teu próximo como a ti mesmo” e, ao mesmo tempo, “não leve desaforo para casa”; “seja generoso(a)” e, também, “pegue tudo que puder”. A relação seria longa, qualquer um pode elaborá-la e é um exercício interessante para ajudar-nos a superar nossos condicionamentos. Nossos sentidos e nossa mente foram adestrados de tal maneira que não temos acesso à realidade. Portanto temos medo.

Perdemos a noção de que vivemos em um planeta preparado para satisfazer todas as nossas necessidades primárias. Portanto, temos medo.
O centro baixo, esse umbigo que nos conecta à nossa mãe Terra, é a resposta. Através dele sentimos a confiança e a segurança de estar no lugar certo e de sermos filhos bem amados.

Perdemos a noção de que somos parte integrante do cosmos e de que somos seus co-criadores. Por fim nos sentimos órfãos, vítimas ou indefesos, a mercê de não se sabe quais forças malignas.

O centro coronário , no alto da cabeça , é o umbigo que nos une ao cosmos; através dele nos alimentamos do infinito e transcendemos até realidades infinitas.

Nós sabemos ser sagrados.

Vou fazer referência a só mais um centro, apesar de que tradicionalmente se fale de Sete Centros Superiores (pela minha percepção , como os 3 mosqueteiros, eram 4 , os 7 centros são 9), isto para não alongar em demasia este texto e também, porque tenho a convicção de que, neste momento crítico que estamos vivendo, estes são os 3 centros mais esquecidos: o baixo, o coronário e o cardíaco. Esta inteligência do coração, porque aprendemos a cultura da conveniência, é tantas vezes calada. Parece que não é conveniente esta disputa com o coração, já que o ele necessita dar: dar amor, dar-se. Quando olho tudo isto a partir do meu centro vegetativo, do meu instinto de sobrevivência, tudo parece incompreensível, pois este centro diz, preciso ingerir, tenho necessidade que me alimentem; necessito dar-me.

Esta aparente contradição que se produz na natureza humana, cria conflito, sentimentos de culpa, sentimentos de inadequação e, então, o centro intelectual vem em auxílio para resolver os conflitos entre egoísmo e generosidade, individualismo e fraternidade. E, se ele se embaralha, há uma interferência de centros que transforma o pensamento em astúcia, pela sua cumplicidade com o instinto.

Se compreendemos a natureza dos centros e a legitimidade de suas necessidades, podemos ir da idéia de conveniência para a de necessidade; já que há um centro a altura da hipófise , o da contemplação , que como esta glândula tem a capacidade de harmonizar as diversas necessidades que nos movem e cuidar para que cada parte receba o que lhe é de direito. É o princípio da democracia interior; onde se inicia toda a possibilidade de democracia.

Este centro é a resposta a essa carência afetiva que, acredito, é a marca da humanidade atual. Em geral, não nos sentimos amados e isto, para alguns, transforma-se em depressão, para outros em violência e, para todos, em algum tipo de doença que nos torna anti-sociais, mesmo que sejamos bem educados.

O centro do coração alimenta-se de dar. Quando conseguimos entrar em contato com esta verdade e sentir sua poderosa energia de calor-amor, perdemos o medo. Começamos a sentir que não há bem estar de um, sem o bem estar do outro; que estando unidos , através deste cordão umbilical (o centro cardíaco) , com o resto do gênero humano, nossa sorte é compartilhada por todos. Surge o amor e daí a solidariedade é só uma conseqüência; em decorrência nasceria a idéia do bem comum como uma verdade inquestionável, da política como forma de realizar esta verdade.

A crise transforma-se em possibilidade de crescimento. Assim, de imediato, com este simples instrumental que nos permite conhecer e usar conscientemente nossos centros energéticos, podemos transformar-nos e transformar a vida no planeta… o que nos faz tanta falta.

Viver como seres radiantes que somos é o sentido de nossa vida na Terra, e isto não é utopia.

O trabalho sobre si

Autora: Maria Adela Palcos

Uma Escola de Desenvolvimento Humano, como o “Rio Aberto”, tem como objetivo a evolução do ser, e a principal ferramenta utilizada neste processo, é o Trabalho sobre Si.

O Trabalho não tem como enfoque nossa adaptação ao mundo como ele é (o que pode ser tentado por outros métodos ou sistemas); ele trata da evolução do ser humano em direção a um objetivo.

Este objetivo é o conhecimento interior, o qual nos permitirá responder questões relacionadas ao porquê de nossa existência e nos iluminará o caminho a ser percorrido nesta direção.

O Trabalho sobre Si desenvolve a capacidade de observação, possibilitando a contemplação do funcionamento do nosso mecanismo interior, sua maneira de agir e reagir.

Permitindo, pouco a pouco, a percepção do que está sendo mobilizado interiormente, em determinada situação, o Trabalho nos dá a possibilidade de começarmos a ser senhores deste mecanismo, ao invés de sermos por ele conduzidos.

Ele não tem a ver, diretamente, com a vida como a vemos, apesar desse conhecimento ser obtido por meio dela e nela podendo ser aplicado. É um trabalho permanente de desenvolvimento da atenção, para que possamos nos aperceber, e interferir, ante reações mecânicas e substituí-las por ações e reações conscientes.

Quando entramos no Trabalho, assumimos a responsabilidade por ele – a responsabilidade é de cada um. Um guia, um instrutor, por mais que sejam essenciais, são apenas supervisores do nosso Trabalho, colaboradores; o Trabalho segue sem eles a cada momento da nossa vida.

Ele visa o conhecimento de nós mesmos, que nos lembremos quem somos e que possamos participar da existência sob esta ótica (de quem realmente somos); e, portanto, implica uma mudança na nossa forma de ver e de estar no mundo, o que por sua vez exige a prática, permanente, da atenção, para estarmos sempre conectados com o projeto evolucionista do ser.

Os Centros de Energia e a Expansão da Consciência

Autor: Eduardo Lobo Fonseca – 06.05.97)

O Reino dos Céus já está aqui e necessita uma Nova Terra.
 
A Nova Terra já está aqui e necessita um Novo Ser Humano.
 
Vamos tentar esboçar, de forma bastante esquemática, os traços essenciais da nossa proposta de trabalho; 
 
a) É transpessoal holística, entendendo o ser humano como uma célula cósmica e como um ser inacabado, uma vez que sua capacidade perceptiva, intelectual, volitiva e de amar são mutáveis e passíveis de desenvolvimento.
b) Não é clínica, uma vez que as desarmonias e conflitos são entendidos como parte do processo de desenvolvimento.
c) Tenta adaptar-se ao atual momento porque passam o planeta e o indivíduo desta última década do milênio. Este momento caracteriza-se pelo fato de que quase todas as estruturas compartimentadas, toda a visão mecanicista das ciências de décadas atrás, estão desmoronando. O ser humano está muito mais instável, não encontra pontos de apoio firmes, nem referências seguras e parâmetros nos quais confiar. A matéria lhe escapa: é sabido que a matéria é energia e vice-versa, e que seu comportamento não é previsível. Até o limite entre orgânico e inorgânico, a base de todas as ciências biológicas, desapareceu. 
 
Este ser humano de 1990 é um ser diferente. E o que vejo , na minha aproximação do ser humano , é basicamente sua própria desvalorização. Não tendo sistemas de valores confiáveis nos quais se apoiar, tem medo. E o temor só é curado pelo amor.
 
d) Utiliza, como ferramenta, a imitação da plástica do outro e a grande quantidade de energia produzida pela necessidade de estar livre das próprias travas.
 
A imitação das plásticas pressupõe ser um espelho da postura do outro; é colocar-se no lugar dele na completa acepção do termo, não só a partir de uma análise intelectual , própria das terapias tradicionais que ajudam a manter a distância entre terapeuta e “paciente”, mas sintonizando-se com os diversos níveis energéticos das diferentes partes do corpo e seus correlatos psicológicos. Desta forma, não é necessária uma distância para me proteger. Na realidade, tudo é a vida na vida. Este exercício de imitação permite-nos: por um lado, conhecer compartindo, quer dizer co-sentir, co-pensar, co-sofrer, co-participar; e, por outro, realizar uma viagem interior de conscientização e liberação de nossas próprias travas, à medida que seguimos o cliente. Dito de outra forma, no trabalho buscamos “ajudar, ajudando-nos”, “amar, amando-se”.
 
e) Elabora a energia do ser humano, que se encontra distribuída e pode ser experimentada em diversos centros. São modalidades da energia que se expressam em diferentes níveis, representam as múltiplas inteligências que operam em nós e cuja conscientização faz-se necessária para o nosso desenvolvimento.
 
Os centros energéticos participam da plasticidade própria dos elementos mais fluidos. Os diferentes estados de ânimo têm correspondência com diversas formas de energia destes centros e com o desenvolvimento delas, bem como com posturas corporais.
 
Por ignorância ou condicionamento, estes centros interferem uns nos outros, obscurecendo as portas do reino. Um dos objetivos deste trabalho é superar este conflito e conseguir que os centros trabalhem alinhados e, ao mesmo tempo, independentemente entre si, emitindo cada um sua nota particular.
 
Trabalhamos com os 7 centros clássicos, ou chakras (coronário, da visão, laríngeo, cardíaco, vegetativo, lumbo-sacro e baixo), os quais, em uma leitura mais ampla, vemos como 4 “umbigos”.
 
Eu os chamo de “umbigos”, porque são as fontes nutrientes do ser humano, que se nutre da Terra como se nutre da sua mãe, como se nutre das forças cósmicas que correspondem ao centro coronário.
 
O centro baixo é um tipo de umbigo que liga o indivíduo à terra.
 
A seguir, temos o centro do cordão umbilical: o vegetativo (o umbigo real), que é a conexão com a humanidade, através da mãe.
 
Temos, em formação, um 4º umbigo, a altura do centro cardíaco que nos une ao resto da humanidade através do amor. Este centro tem a ver com o sentimento ou, como dizem alguns, com o nível emocional superior ou verdadeiro. Não tem sim e não, não tem positivo e negativo, é amor.
 
Ao longo dos anos, este foi o centro que vi mais encouraçado em um grande número de pessoas. De alguma forma cada um de nós sente que aí reside o Eu. O gesto que acompanha a palavra Eu aponta para este centro e creio que nas profundezas deste lugar encontra-se o Mistério do Deus encarnado.
 
Em resumo, creio que este é, ao mesmo tempo, o centro mais profundo e mais íntimo, cuja completa abertura infunde Vida a todo o ser, a vida verdadeira, eterna.
 
No nosso trabalho estamos percorrendo conscientemente, a cada dia, o caminho da energia de cima para baixo, desde o centro coronário até o centro baixo, desde a conexão cósmica até a telúrica, desde a mais pura energia até a matéria mais densa; esvaziando todos os conteúdos pessoais, todos os conteúdos que aparentemente moldam nossa vida cotidiana e que, em geral, implicam em interferências de centros que vão travando ou contaminando as energias de tal maneira que dificultam seu livre fluir.
 
Um dos obstáculos para este fluir é a idéia de eu que construímos, com a qual acabamos superidentificados e que seria o peso maior que temos que deixar cair. Isto está relacionado com aquele tipo de pessoa que desenvolveu uma personalidade rígida, a partir de um ambiente repressivo. Neste caso damos ênfase à liberação, à perda de limites, o que denominamos trabalho centrífugo ou expansivo. Num segundo momento seriam propostos trabalhos de centramento ou centrípetos. Quando, diferentemente, a pessoa tem uma excessiva falta de limites, uma personalidade desregrada, aquele caminho não é o indicado, mas sim o contrário. O primeiro passo é um trabalho centrípeto ou de centramento e, só mais adiante, com muito controle, seriam propostos exercícios expansivos e centrífugos.
 
f) Já que as mudanças pelas quais passa o nosso planeta, exigem de nós um trabalho de adequação em todos os níveis, incluindo o celular, é necessário um sistema que trabalhe, cotidianamente, nos níveis físico, psicológico e no da consciência integral. O trabalho é visto como uma prática diária, que inclui:
 
– movimento rítmico
-expressivo dos centros de energia,
– trabalhos com a respiração, a voz e o som;
– massagem psico-física;
– dramatização;
– oficinas de modelagem, e
– meditação.
 
Tudo dirigido para o autoconhecimento e a conscientização dos diversos estados anímicos. É dada ênfase especial à recuperação da espontaneidade, a chegar a um encontro com as forças da natureza, buscando que a consciência individual e a cósmica se façam uma.
 
Os efeitos do trabalho neste sistema tornam-se evidentes por uma série de mudanças que tanto as pessoas percebem em si, como também aqueles que as rodeiam, já que de forma concreta, as mudanças físicas revelam, sem dúvida, transformações que estão ocorrendo em outros níveis mais profundos: perceptivo, sensorial, emocional, mental, comportamental, da cosmovisão e do próprio sistema de valores.
 
É certo, também, que de uma maneira geral, as modificações ocorridas, tendem a estar entre os seguintes parâmetros, como uma transição:
 
de: para:
compulsivo espontâneo e escolhido
controle desapego
fixação fluidez
distanciamento, contato
medo confiança
formalismo rígido conteúdo essencial
visão plana multidimensional
dualidade esquisóide complementação dos opostos
ausência presença
olhar comprometido, condicionado olhar limpo
permitindo ao ser humano viver uma plenitude antes desconhecida.
 
Nas palavras de uma aluna:
 
” I reached a point where there was no need to practice justifying anymore, a point where I could take life, people, faith as that what it is: an eternal, neverending process of being”.
 
“Cheguei a um ponto em que não há necessidade de justificar-me, um ponto em que podia assumir a vida, as pessoas, a fé, como são: um infinito, eterno processo de ser”.

O trabalho do Río Abierto no Tratamento de pacientes com lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteoarticular relacionados ao trabalho (DORT) no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo

Autor: Dr. Waldemir Santana Filho

OS ALUNOS

São pacientes do serviço de saúde pública (CEREST) com diagnóstico de Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteoarticular Relacionados ao Trabalho. Na maioria dos casos, apresentam processos inflamatórios nos tendões, articulações e músculos (tendinites, tenossinovites e miosites) em membros superiores, além de compressão de nervos que acomete região cervical, braços , cotovelos, antebraços , punhos e mãos, de maneira isolada ou associada, por uso excessivo ou sobrecarga destas regiões durante a jornada de trabalho.


Os pacientes na sua grande maioria são mulheres ( 80%) na faixa etária dos 20 aos 40 anos, afastadas do trabalho pela doença ou então desempregados por não conseguirem mais, desempenhar tarefas que solicitem determinados movimentos com os membros superiores. São pessoas com grau de escolaridade baixa e com poucos recursos econômicos Apresentam com principal sintoma clínica , dores localizadas e as vezes generalizada para todo segmento superior do corpo.


No aspecto emocional apresentam muita raiva e ressentimento das empresas em que trabalharam. Sentem que foram utilizadas com máquinas para produção, sendo depois dispensadas, principalmente porque estavam defeituosas (doentes). Esta presente uma tristeza, acompanhada as vezes de depressão , sentimento de inutilidade e de discriminação , acham que chegaram ao fim. Auto estima baixa e necessidade de isolamento social.

O TRABALHO CORPORAL

O trabalho corporal desenvolvido no CEREST pelo Rio Aberto é uma experiência de 4 anos no serviço público. Está inserido dentro de um Programa de Tratamento e Reabilitação para LER/DORT, que além do trabalho corporal os pacientes realizam acompanhamento médico , fisioterapia com aparelhos, acupuntura, grupos informativos e terapêuticos sobre a doença e terapia ocupacional em grupo, simultaneamente. Um dos objetivos do programa é a abordagem interdisciplinar.

Aproximadamente 100 pacientes já realizaram esse trabalho corporal em grupo no CEREST. São em número de 10 a 20 pessoas em cada grupo, com duração de uma hora e meia, cada grupo, no serviço público. Atualmente já desenvolvemos 7 grupos com o Rio Aberto desde 1997 .

No ano 2000 o trabalho está tendo continuidade em 2 grupos de 15 pacientes, com duração de 4 meses com duas de duração em cada grupo , com intervalo de um mês. Um do grupos é fixo, seguindo durante todo o ano, para permitir um maior aprofundamento do trabalho. O outro grupo é alternante através de rodízios dos pacientes , para permitir a entrada de novos pacientes.



A coordenação do trabalho está sob responsabilidade do Dr . Waldemir Santana Fº (médico do CEREST e Instrutor do Rio Aberto – SP) e com participação de Ana Michaela e Maristela André (psicóloga e terapeuta corporal respectivamente e Instrutoras do Rio Aberto-SP) no grupo de aprofundamento. E no grupo inicial conta com a participação de Luíza Amaral e Denise Fonseca (fisioterapeuta e psicóloga respectivamente e Instrutoras do Rio Aberto-SP). 

O grupo de aprofundamento do trabalho corporal é composta por pacientes que já realizaram o trabalho anteriormente e que necessitam e querem seguir trabalhando. O grupo inicial ou de sensibilização será para pacientes que estão iniciando o trabalho , sem nenhum acompanhamento anterior no serviço público. 

O trabalho corporal esta subdividido em 3 etapas , no sentido de melhor sistematizar e orientar o trabalho do instrutor, na condução do grupo e também adequar a dinâmica do Rio Aberto para alunos que são pacientes do serviço( pessoas com limitações físicas e emocionais significativas). As etapas são simultâneas , dependendo muito da dinâmica de cada grupo . A proposta é que também sejam progressiva .

São elas:

· 1ª ETAPA

Essa etapa, valorizasse mais os aspectos físicos. Têm como objetivo principal, propiciar ao paciente através do trabalho corporal, desenvolver a percepção atual do corpo físico, emocional e mental. A sua maneira de respirar, perceber, sentir, responder e conhecer-se. Qual a sua história e de sua doença ?. Qual a sua plástica? Qual seu diagnóstico específico ? Quais seriam as suas possibilidades de trabalho corporal? E também se está disponível para desenvolver uma dinâmica de tratamento mais participativa? Deverá investir sistematicamente em seu processo de autonomia no tratamento.

Utilizaremos nesta etapa os seguintes recursos :

1. Leitura corporal ( utilização de ficha específica)
2. Respiração ( funções, aspectos psicológicos, tipos e exercícios respiratórios ).
3. Alongamento ( coluna vertebral, membros superior e inferior e cadeira )
4. Ginástica Harmônica ( revitalização )
5. Massagem ( auto massagem e em duplas ).
6. Relaxamento 
7. Contato com Natureza ( aula no parque )

· 2ª ETAPA 

Essa etapa, valorizasse mais os aspectos emocionais, consiste em sensibilizar o paciente de suas emoções e as várias possibilidades de expressa-la. Aumentar sua auto confiança e alívio em soltar as emoções reprimidas (dores). Desenvolver sua auto expressão e emoções reprimidas. Desenvolver a comunicação, o apoio mútuo e a integração afetiva entre os integrantes do grupo. Utilizaremos nesta etapa os seguintes recursos:

1. Ginástica Harmônica Expressiva ( transitar pelas três plásticas)
2. Dramatização
3. Trabalho com voz
4. Artes plástica ( trabalhos manuais com desenho ou pintura )
5. Relaxamento

· 3ª ETAPA

Essa etapa consiste desenvolver no paciente a incorporação de novas posturas corporais. Aumento da memória corporal. Aquisição de flexibilidade, elasticidade, mobilidade e equilíbrio nos movimentos. Recuperação do movimento natural do corpo, a espontaneidade, a autoconfiança e a alegria de mover-se ( liberação de endorfinas ) Desenvolver o processo de auto-cura. Utilizaremos nesta etapa os seguintes recursos:

1. Ginástica Corretiva ( apoio dos pés, cadeiras, coluna vertebral e abdômen)
2. Trabalho sobre si
3. Relaxamento

COMENTÁRIOS DOS ALUNOS SOBRE O TRABALHO

· “Exercícios bons, me acalmam, melhoram minha paciência e tolerância”

· “Era nervosa e intolerante, tomava muitos calmantes, apreendi a relaxar, a dormir melhor, foi uma reabilitação corporal e moral, aprendi a conhecer meu corpo, a dominar a dor. Senti maior progresso do que com os tratamentos psiquiátricos e psicoterapêuticos que já fiz”
· “As atividades do Rio Aberto me fazem esquecer a dor e a enfermidade”.
· “Aprendi a assumir mais minha vida, não sou mais adolescente mas valorizo ser uma senhora com experiência de vida, meus filhos estão ganhando com isso, precisam de mim e eu deles, as aulas trazem uma energia gostosa positiva ao meu organismo, à mente e ao físico”.
· “Tenho tendência a ser nervosa, ganhei tranqüilidade de aceitação de que tenho limites e que tenho força pra dizer não a solicitações abusivas”.
· “Ganhei consciência do meu corpo, aprendi a cuidar dele e da vida de outro jeito, faço sempre alongamento corporal, digo não quando sinto que é melhor pra mim”.
· “Sempre fui lançada, corajosa, falava o que vinha a cabeça, com a LER passei a ser medrosa, me escondo das situações e das pessoas. No trabalho do Rio Aberto tiro tempo só pra mim, me sinto bem, não me ocupo de cuidar de todos da família, como sempre solicitam e é meu hábito atender, me sinto segura, acompanhada, apoiada”.
· “Aprendi aqui a me soltar através do corpo, a contornar as situações, superar sem explodir, a me controlar, a aceitar meus limites, sem ser dominado pela raiva.
· “Passo a refletir sobre como os pontos energéticos, podem ajudar os pontos negativos e assim dividir a dor e superar mais…..”
 “Descobri muitas coisas, como viver com a dor; é não deixar que ela me domine, mas sim que eu domine; porque depois que comecei este tratamento passei a me sentir uma pessoa normal, antes me sentia uma pessoa sem ação; descobri que posso relaxar, que a vida é maravilhosa com ou sem LER.
· “O que mais valorizo de tudo neste trabalho, é que tenho aprendido uma coisa que não esperava encontrar aqui, é saber que meu corpo não dirigido só pelas leis próprias, meu espírito pode influenciar o meu corpo e se ele for forte posso lidar com o que acontece no meu corpo; sei que estou passando por uma crise de dores, vai passar, com passaram outras, antes eram mais freqüentes do que agora, me sinto confiante…”

A Trava Psicológica e sua Equivalente Corporal – Parte 1

(* Este texto está dividido em duas partes)
Autora: Maria Adela Palcos

Para ilustrar melhor este tema, optamos por fazer um breve relato do caso de Míriam (para melhor compreensão, consultar “Centros de Energia e a Expansão da Consciência”, pág. ):

Míriam, 30 anos, solteira, psicóloga de vocação tardia, é também socióloga. Provêm de família de classe média, de rígidos princípios católicos, tendo algum tempo de psicoterapia reichniana.

Qual sua demanda inicial?

Necessidade de mudança na direção de algo mais vital, mais lúdico e criativo. Algo que lhe diminua o peso da vida.
Qual a problemática que traz?

Vivia com uma sensação de insatisfação, de busca e ansiedade. Estava recém separada de sua companheira (homossexual) e de seu terapeuta. Vai, ao longo do trabalho, tomando consciência de seu problema de relacionamento com os homens (nunca havia mantido relações sexuais com um homem). Referia-se ao seu corpo como uma máquina pesada, dura e desagradável.

Características psico-físicas de Míriam.

Minha primeira impressão era de alguém vestindo uma roupa que não era sua. Envolta por algo rígido e formal e partes de sua psique lutando entre si.

Ombros suspensos, as costas estendidas como de um lutador, o rosto escondendo-se atrás de um olhar crítico, desconfiado. Por trás disto, vislumbrava-se um ser de grande sensibilidade: o peito caído, fraco, como se não pudesse manter aí aquela postura e aquele olhar de lutador; alguns lampejos mostravam inocência, limpidez e um rogo. Seus ombros e a parte alta da cabeça iam à luta, porém seu peito recuava, fugindo e preservando seu mundo interior, sensível.

As pernas eram muito finas, sem apoio suficiente; mantinham-se tensas para responder à rigidez do lutador, participavam, porém, da instabilidade da zona peitoral e do medo que vem junto com a interferência do centro cardíaco com o vegetativo e com o plexo solar. Exatamente porque há a debilidade do lutador, é necessário ativar a postura ativa mais ainda, para ocultá-la.

Isto leva a tensão a extremos: uma parte do corpo quer avançar, outra retroceder; os ombros e pernas querendo elevar-se e o peito deprimindo-se, em direção ao solo.

Quando a vi, no 1º grupo de que participou, vinha-me a idéia de uma pessoa um pouco ansiosa, ao mesmo tempo uma presença forte, às vezes persecutória. Uma presença dura, em confrontação e hipercrítica… Algumas vezes, no nosso trabalho, procuramos ver com que animal se parece a pessoa e, no caso de Míriam, podia vê-la como uma tartaruga, que se esconde toda sob o casco, ao menor sinal de perigo. Entendido como perigo, neste caso, tudo aquilo que ponha em evidência a sua parte indefesa, hipersensível.

Estratégia

Tinha que ajudar Míriam a encontrar pontos de apoio firmes, funcionais, de forma a manter o peso do corpo distribuído harmonicamente, desde a cabeça, ao longo da coluna, cadeiras e pernas.

Quando alguma interrupção ocorre na descarga do peso até a terra, há uma acumulação energética e uma trava. É o que detectávamos com a elevação dos ombros. Neste caso, há uma sobrecarga do centro laríngeo que produz, por um lado, um excesso de controle intelectual sobre as pulsões vitais e, a nível corporal, uma tensão excessiva dos músculos desta região, os quais não estão preparados para sustentar o peso do corpo. Por outro lado, a trava, em um ponto de influência de um centro energético, potencializa-o a tal ponto, que ele interfere na função dos outros centros. A zona dos braços está sob a influência dos centros laríngeo e cardíaco: o laríngeo, na sua face externa, e o cardíaco, na interna. No caso de Míriam, a postura curvada dos ombros traz uma predominância do laríngeo, que inibe o cardíaco na função de amar e de expressão do eu mais profundo. Nesta postura, o abraço amoroso – uma das expressões mais diretas do centro cardíaco – é quase impossível.

Pela nossa experiência concluímos que, antes de retirar falsos apoio ou travas, temos que ajudar a pessoa para que encontre novos apoios, isto tanto no nível físico como psicológico.

Por isso, temos a seguinte seqüência do trabalho: fases de nutrição, expressão de si e conscientização, como ilustraremos mais adiante, com este mesmo caso. O que vamos descrever a seguir é o trabalho de centro por centro, para conseguir a dissolução das travas e o retorno da energia ao seu livre fluir e a sua distribuição harmônica.

Através do movimento, da massagem, da dramatização, do som e da voz, da dinâmica, da meditação, tentamos:

1º – Fortificar pés e pernas, e dissolver as tensões desta zona – centro baixo -, abrindo os canais energéticos de descida, a fim de que Míriam pudesse chegar a conscientizá-los como bases firmes, aumentando assim sua confiança. Recordo que na 1ª massagem na face interna do pé direito, ao tocar um certo ponto surge, “como um microfilme” segundo palavras de Míriam, toda a história da sua vida, em especial uma cena com a mãe em que se sente rechaçada ao Ter sua primeira menstruação; daí em diante perde o apoio de sua mãe e torna-se titubeante.

A partir do movimento foram realizados trabalhos expressivos de auto-afirmação: erguer-se pisando com força; recuperar a sensibilidade da ponta do pé e que esta se faça amiga da terra. Percebia-se sua satisfação em poder firmar os pés e erguer-se, elevando o peito com o rosto aberto e um olhar alegre e de descobrimento.

2º – Dissolver a tensão acumulada nos ombros e pescoço (centro laríngeo), abrindo os canais energéticos até as mãos, para sentir que os ombros deixam sua posição defensiva e torturada, desçam e organizem-se na vida do coração.
Ao cair esta defesa, a pessoa pode sentir e expressar seus sentimentos desde seu centro cardíaco. Quando liberou-se a trava dos ombros, foi como abrir a caixa de Pandora: gritos, pranto, golpes, reclamações, insultos, etc. As expressões básicas eram, predominantemente, de raiva e de ódio que, passado um certo tempo, ao chegarem até seu frágil peito, transformaram-se em angústia e impotência.

Com o trabalho de movimento buscou-se recuperar, para os ombros: sensibilidade, sensualidade, a alegria do movimento e seu sentido lúdico. Lembro-me dela movendo-se com grande prazer e exibindo uma atraente sensualidade feminina.

3º – Harmonizar a energia e o corpo, permitindo que cada centro fosse ocupando seu espaço e cumprindo sua função. Quando cada parte do corpo tem espaço e plasticidade, pode funcionar, sincronizadamente, com o resto do organismo. O centro cardíaco havia sido despojado de seu espaço; sua energia fora sepultada, ficando sem possibilidade de manifestação plena. Com a queda da trava, primeiramente aparece em Míriam a angústia, que havia ficado oculta pela couraça do lutador e, com isto, vem uma queda de ânimo, falta de força e a perda do sentido da vida.

Com a liberação do centro cardíaco damos o 1º passo para o relaxamento do diafragma e da respiração. E, daí, não há mais remédio a não ser seguir descendo e chegar a trabalhar o centro vegetativo, como sede do medo. No caso de Míriam, aparecendo como o temor básico o de ser excluída do afeto e atenção dos pais.

Foram surgindo cenas nas quais seus comportamentos, rechaçados por seus pais, geravam pontos de afastamento sem possibilidades de retorno e de reconciliação, eram perdas irrecuperáveis. Porém, quanto ao medo, este não surgia no começo, somente revivenciava as reprimendas. Estava claramente identificada com o aspecto do juiz rígido e inapelável. Foi só com o tempo, através das dramatizações grupais, do aprofundamento da massagem e com o movimento, que começou a sentir o medo, origem da sua trava.

No caminho descendente, chegamos ao centro lumbo-sacro, onde se evidenciava uma forte repressão sexual, pela contração que fechava as pernas e a cadeira bloqueada à frente. Uma boa parte do movimento ondulatório da cadeira, tipicamente feminino, estava inibido. As nádegas apertadas e o púbis apontado para cima produziam um círculo vicioso da energia, que, em lugar de ser descarregada para terra, retornava ao vegetativo, gerando interferência destes dois centros entre si. Não mencionamos, até agora, o centro coronário (no topo da cabeça), nem o centro da visão e da discriminação (à altura da testa), pois suas verdadeiras funções não atingem o campo de consciência do indivíduo, enquanto permanecem as interferências dos centros já mencionados.

A Trava Psicológica e sua Equivalente Corporal – Parte 2

(* Este texto está dividido em duas partes)
Autora: Maria Adela Palcos

Fazendo, agora, uma leitura seqüencial, a partir das três etapas que mencionamos anteriormente, passamos pelas fases:

a) de Nutrição: na qual se pretende alimentar os aspectos mais débeis da pessoa; mobilizamos os músculos e articulações que podem lhe dar um novo e melhor suporte físico e respiratório e, por fim, psicológico. Esta etapa é de total redescobrimento, pela pessoa, de zonas esquecidas; ela começa a desfrutar novas sensações e sentimentos, a viver novos espaços internos e a confiar, já que tudo desenvolve-se em um clima de amor e aceitação por parte do coordenador do grupo;



b) de Expressão de si: onde, já com novos recursos, é possível atacar diretamente a trava e o conflito central da falsa personalidade. Bloqueamos, mais profundamente, o centro mais travado – no caso de Míriam, o vegetativo – com a idéia de que seja conscientizado no físico e no emocional. Daí o desbloqueio se dá como conseqüência da acentuação da trava, bem como as expressões decorrentes: neste caso, fundamentalmente, de desespero e pânico. Aqui surgiu, também, um diálogo entre o aspecto frágil e assustado de Míriam e o autoritário, exigente, o “valentão do pedaço”, cada um com sua plástica e sua argumentação. No seu desenvolvimento vislumbra-se, pouco a pouco, que estes opostos são, igualmente, filhos do medo e que a existência de um, sustenta a existência do outro. Quando se reconhecem entre si (já que são aspectos separados), tem início uma possibilidade de reabilitação mútua. Podem mudar sua relação, de inimigos contrapostos para seres complementares. Nas palavras de Míriam: “a tartaruga havia deixado a força bem escondida sob o casco, porque acreditava que ela atentava contra seus criadores, contra o Criador. Hoje começo a não mais acreditar nisto, começo a entender, a entender-me, a respeitar-me”.

c) de Conscientização e Contemplação de si: a partir do reconhecimento dos opostos aparece um 3º aspecto, eqüidistante de ambos, cuja nota fundamental é o amor e a sabedoria; correspondente, a nível psicorporal, com a vivência do eixo.

A plástica de Míriam transforma-se, a respiração passa a ser pausada, livre, sem compulsão; o olhar torna-se limpo, como se o mais essencial do seu ser emergisse e um profundo prazer a invade.

É o aparecimento da instância transpessoal, que cada um de nós traz dentro de si e que tem sido o aspecto mais reprimido em nós. Nesta última etapa começa a ocorrer a verdadeira recuperação do centro cardíaco (amar), na sua harmoniosa relação com o centro da visão (contemplação – sabedoria) e com o centro coronário (consciência cósmica).

Avaliação

Após 3 anos deste processo de trabalho sobre si , com Míriam, podemos afirmar que:

  • a insatisfação, a inquietude e a ansiedade originais transformaram-se em uma atitude de busca mais serena e em uma maior reconciliação interior. Sua personalidade enriqueceu-se com os, antes negados, aspectos de sensibilidade, sensualidade, ternura, entrega amorosa e passividade;
  • produziram-se importante mudanças corporais: está mais leve; seu corpo adquiriu formas mais femininas; as costas de lutador “desincharam”. Nas palavras dela mesma: “Sentia, que, em um abraço, as pessoas me tocavam os ossos”. Ganhou muita mobilidade e expressividade; tem fácil acesso a estados de relaxamento e vive mais relaxadamente e, ao mesmo tempo, houve um despertar dos reflexos que lhe permitem uma maior velocidade de ação;
  • superou os problemas de relacionamento com o sexo oposto e está, neste sentido, em um processo de abertura;
  • foi, pouco a pouco, encontrando-se com o essencial em si mesma e, também pouco a pouco, vai animando-se a viver em uma dimensão transpessoal, em concordância com seu eu interior:

“Como principal referência de minha vida agora, diria que me sinto parte do universo e internamente ligada ao seu movimento. Há esperança para mim também”;

  • na área profissional está integrando os pilares mais fundamentais desse sistema, numa mudança de sua prática como psicóloga. Este aspecto, unido ao auto conhecimento e à reconciliação interna que alcançou, permitiu que colaborasse na elaboração destas notas, de forma muito eficaz.

O trabalho do Río Abierto no Tratamento de pacientes com lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteoarticular relacionados ao trabalho (DORT) no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo

Autor: Dr. Waldemir Santana Filho

OS ALUNOS

São pacientes do serviço de saúde pública (CEREST) com diagnóstico de Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteoarticular Relacionados ao Trabalho. Na maioria dos casos, apresentam processos inflamatórios nos tendões, articulações e músculos (tendinites, tenossinovites e miosites) em membros superiores, além de compressão de nervos que acomete região cervical, braços , cotovelos, antebraços , punhos e mãos, de maneira isolada ou associada, por uso excessivo ou sobrecarga destas regiões durante a jornada de trabalho.


Os pacientes na sua grande maioria são mulheres ( 80%) na faixa etária dos 20 aos 40 anos, afastadas do trabalho pela doença ou então desempregados por não conseguirem mais, desempenhar tarefas que solicitem determinados movimentos com os membros superiores. São pessoas com grau de escolaridade baixa e com poucos recursos econômicos Apresentam com principal sintoma clínica , dores localizadas e as vezes generalizada para todo segmento superior do corpo.


No aspecto emocional apresentam muita raiva e ressentimento das empresas em que trabalharam. Sentem que foram utilizadas com máquinas para produção, sendo depois dispensadas, principalmente porque estavam defeituosas (doentes). Esta presente uma tristeza, acompanhada as vezes de depressão , sentimento de inutilidade e de discriminação , acham que chegaram ao fim. Auto estima baixa e necessidade de isolamento social.

O TRABALHO CORPORAL

O trabalho corporal desenvolvido no CEREST pelo Rio Aberto é uma experiência de 4 anos no serviço público. Está inserido dentro de um Programa de Tratamento e Reabilitação para LER/DORT, que além do trabalho corporal os pacientes realizam acompanhamento médico , fisioterapia com aparelhos, acupuntura, grupos informativos e terapêuticos sobre a doença e terapia ocupacional em grupo, simultaneamente. Um dos objetivos do programa é a abordagem interdisciplinar.

Aproximadamente 100 pacientes já realizaram esse trabalho corporal em grupo no CEREST. São em número de 10 a 20 pessoas em cada grupo, com duração de uma hora e meia, cada grupo, no serviço público. Atualmente já desenvolvemos 7 grupos com o Rio Aberto desde 1997 .

No ano 2000 o trabalho está tendo continuidade em 2 grupos de 15 pacientes, com duração de 4 meses com duas de duração em cada grupo , com intervalo de um mês. Um do grupos é fixo, seguindo durante todo o ano, para permitir um maior aprofundamento do trabalho. O outro grupo é alternante através de rodízios dos pacientes , para permitir a entrada de novos pacientes.



A coordenação do trabalho está sob responsabilidade do Dr . Waldemir Santana Fº (médico do CEREST e Instrutor do Rio Aberto – SP) e com participação de Ana Michaela e Maristela André (psicóloga e terapeuta corporal respectivamente e Instrutoras do Rio Aberto-SP) no grupo de aprofundamento. E no grupo inicial conta com a participação de Luíza Amaral e Denise Fonseca (fisioterapeuta e psicóloga respectivamente e Instrutoras do Rio Aberto-SP). 

O grupo de aprofundamento do trabalho corporal é composta por pacientes que já realizaram o trabalho anteriormente e que necessitam e querem seguir trabalhando. O grupo inicial ou de sensibilização será para pacientes que estão iniciando o trabalho , sem nenhum acompanhamento anterior no serviço público. 

O trabalho corporal esta subdividido em 3 etapas , no sentido de melhor sistematizar e orientar o trabalho do instrutor, na condução do grupo e também adequar a dinâmica do Rio Aberto para alunos que são pacientes do serviço( pessoas com limitações físicas e emocionais significativas). As etapas são simultâneas , dependendo muito da dinâmica de cada grupo . A proposta é que também sejam progressiva .

São elas:

· 1ª ETAPA

Essa etapa, valorizasse mais os aspectos físicos. Têm como objetivo principal, propiciar ao paciente através do trabalho corporal, desenvolver a percepção atual do corpo físico, emocional e mental. A sua maneira de respirar, perceber, sentir, responder e conhecer-se. Qual a sua história e de sua doença ?. Qual a sua plástica? Qual seu diagnóstico específico ? Quais seriam as suas possibilidades de trabalho corporal? E também se está disponível para desenvolver uma dinâmica de tratamento mais participativa? Deverá investir sistematicamente em seu processo de autonomia no tratamento.

Utilizaremos nesta etapa os seguintes recursos :

1. Leitura corporal ( utilização de ficha específica)
2. Respiração ( funções, aspectos psicológicos, tipos e exercícios respiratórios ).
3. Alongamento ( coluna vertebral, membros superior e inferior e cadeira )
4. Ginástica Harmônica ( revitalização )
5. Massagem ( auto massagem e em duplas ).
6. Relaxamento 
7. Contato com Natureza ( aula no parque )

· 2ª ETAPA 

Essa etapa, valorizasse mais os aspectos emocionais, consiste em sensibilizar o paciente de suas emoções e as várias possibilidades de expressa-la. Aumentar sua auto confiança e alívio em soltar as emoções reprimidas (dores). Desenvolver sua auto expressão e emoções reprimidas. Desenvolver a comunicação, o apoio mútuo e a integração afetiva entre os integrantes do grupo. Utilizaremos nesta etapa os seguintes recursos:

1. Ginástica Harmônica Expressiva ( transitar pelas três plásticas)
2. Dramatização
3. Trabalho com voz
4. Artes plástica ( trabalhos manuais com desenho ou pintura )
5. Relaxamento

· 3ª ETAPA

Essa etapa consiste desenvolver no paciente a incorporação de novas posturas corporais. Aumento da memória corporal. Aquisição de flexibilidade, elasticidade, mobilidade e equilíbrio nos movimentos. Recuperação do movimento natural do corpo, a espontaneidade, a autoconfiança e a alegria de mover-se ( liberação de endorfinas ) Desenvolver o processo de auto-cura. Utilizaremos nesta etapa os seguintes recursos:

1. Ginástica Corretiva ( apoio dos pés, cadeiras, coluna vertebral e abdômen)
2. Trabalho sobre si
3. Relaxamento

COMENTÁRIOS DOS ALUNOS SOBRE O TRABALHO

· “Exercícios bons, me acalmam, melhoram minha paciência e tolerância”

· “Era nervosa e intolerante, tomava muitos calmantes, apreendi a relaxar, a dormir melhor, foi uma reabilitação corporal e moral, aprendi a conhecer meu corpo, a dominar a dor. Senti maior progresso do que com os tratamentos psiquiátricos e psicoterapêuticos que já fiz”
· “As atividades do Rio Aberto me fazem esquecer a dor e a enfermidade”.
· “Aprendi a assumir mais minha vida, não sou mais adolescente mas valorizo ser uma senhora com experiência de vida, meus filhos estão ganhando com isso, precisam de mim e eu deles, as aulas trazem uma energia gostosa positiva ao meu organismo, à mente e ao físico”.
· “Tenho tendência a ser nervosa, ganhei tranqüilidade de aceitação de que tenho limites e que tenho força pra dizer não a solicitações abusivas”.
· “Ganhei consciência do meu corpo, aprendi a cuidar dele e da vida de outro jeito, faço sempre alongamento corporal, digo não quando sinto que é melhor pra mim”.
· “Sempre fui lançada, corajosa, falava o que vinha a cabeça, com a LER passei a ser medrosa, me escondo das situações e das pessoas. No trabalho do Rio Aberto tiro tempo só pra mim, me sinto bem, não me ocupo de cuidar de todos da família, como sempre solicitam e é meu hábito atender, me sinto segura, acompanhada, apoiada”.
· “Aprendi aqui a me soltar através do corpo, a contornar as situações, superar sem explodir, a me controlar, a aceitar meus limites, sem ser dominado pela raiva.
· “Passo a refletir sobre como os pontos energéticos, podem ajudar os pontos negativos e assim dividir a dor e superar mais…..”
 “Descobri muitas coisas, como viver com a dor; é não deixar que ela me domine, mas sim que eu domine; porque depois que comecei este tratamento passei a me sentir uma pessoa normal, antes me sentia uma pessoa sem ação; descobri que posso relaxar, que a vida é maravilhosa com ou sem LER.
· “O que mais valorizo de tudo neste trabalho, é que tenho aprendido uma coisa que não esperava encontrar aqui, é saber que meu corpo não dirigido só pelas leis próprias, meu espírito pode influenciar o meu corpo e se ele for forte posso lidar com o que acontece no meu corpo; sei que estou passando por uma crise de dores, vai passar, com passaram outras, antes eram mais freqüentes do que agora, me sinto confiante…”